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Capitulo 1
1 Tendo, pois, muitos
empreendido pór em ordem a narraçäo dos fatos que entre
nós se cumpriram,
2 Segundo nos transmitiram
os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros
da palavra,
3 Pareceu-me também
a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo,
por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde
o princípio;
4 Para que conheças
a certeza das coisas de que já estás informado.
5 Existiu, no tempo
de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem
de Abias, e cuja mulher era das filhas de Aräo; e o seu nome era Isabel.
6 E eram ambos justos
perante Deus, andando sem repreensäo em todos os mandamentos e preceitos
do Senhor.
7 E näo tinham
filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados
em idade.
8 E aconteceu que, exercendo
ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem da sua turma,
9 Segundo o costume
sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do Senhor para oferecer
o incenso.
10 E toda a multidäo
do povo estava fora, orando, à hora do incenso.
11 E um anjo do Senhor
lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso.
12 E Zacarias, vendo-o,
turbou-se, e caiu temor sobre ele.
13 Mas o anjo lhe disse:
Zacarias, näo temas, porque a tua oraçäo foi ouvida, e
Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás
o nome de Joäo.
14 E terás prazer
e alegria, e muitos se alegraräo no seu nascimento,
15 Porque será
grande diante do Senhor, e näo beberá vinho, nem bebida forte,
e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre
de sua mäe.
16 E converterá
muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus,
17 E irá adiante
dele no espírito e virtude de Elias, para converter os coraçöes
dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos,
com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto.
18 Disse entäo
Zacarias ao anjo: Como saberei isto? pois eu já sou velho, e minha
mulher avançada em idade.
19 E, respondendo o
anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado
a falar-te e dar-te estas alegres novas.
20 E eis que ficarás
mudo, e näo poderás falar até ao dia em que estas coisas
aconteçam; porquanto näo creste nas minhas palavras, que a
seu tempo se häo de cumprir.
21 E o povo estava esperando
a Zacarias, e maravilhava-se de que tanto se demorasse no templo.
22 E, saindo ele, näo
lhes podia falar; e entenderam que tinha tido uma visäo no templo.
E falava por acenos, e ficou mudo.
23 E sucedeu que, terminados
os dias de seu ministério, voltou para sua casa.
24 E, depois daqueles
dias, Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco meses se ocultou, dizendo:
25 Assim me fez o Senhor,
nos dias em que atentou em mim, para destruir o meu opróbrio entre
os homens.
26 E, no sexto mês,
foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada
Nazaré,
27 A uma virgem desposada
com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem
era Maria.
28 E, entrando o anjo
aonde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita
és tu entre as mulheres.
29 E, vendo-o ela, turbou-se
muito com aquelas palavras, e considerava que saudaçäo seria
esta.
30 Disse-lhe, entäo,
o anjo: Maria, näo temas, porque achaste graça diante de Deus.
31 E eis que em teu
ventre conceberás e darás à luz um filho, e pór-lhe-ás
o nome de Jesus.
32 Este será
grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus
lhe dará o trono de Davi, seu pai;
33 E reinará
eternamente na casa de Jacó, e o seu reino näo terá
fim.
34 E disse Maria ao
anjo: Como se fará isto, visto que näo conheço homem
algum?
35 E, respondendo o
anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude
do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também
o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.
36 E eis que também
Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice; e é este o
sexto mês para aquela que era chamada estéril;
37 Porque para Deus
nada é impossível.
38 Disse entäo
Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.
E o anjo ausentou-se dela.
39 E, naqueles dias,
levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de
Judá,
40 E entrou em casa
de Zacarias, e saudou a Isabel.
41 E aconteceu que,
ao ouvir Isabel a saudaçäo de Maria, a criancinha saltou no
seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo.
42 E exclamou com grande
voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto
do teu ventre.
43 E de onde me provém
isto a mim, que venha visitar-me a mäe do meu Senhor?
44 Pois eis que, ao
chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudaçäo, a criancinha
saltou de alegria no meu ventre.
45 Bem-aventurada a
que creu, pois häo de cumprir-se as coisas que da parte do SENHOR
lhe foram ditas.
46 Disse entäo
Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
47 E o meu espírito
se alegra em Deus meu Salvador;
48 Porque atentou na
baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as geraçöes
me chamaräo bem-aventurada,
49 Porque me fez grandes
coisas o Poderoso; E santo é seu nome.
50 E a sua misericórdia
é de geraçäo em geraçäo Sobre os que o temem.
51 Com o seu braço
agiu valorosamente; Dissipou os soberbos no pensamento de seus coraçöes.
52 Depós dos
tronos os poderosos, E elevou os humildes.
53 Encheu de bens os
famintos, E despediu vazios os ricos.
54 Auxiliou a Israel
seu servo, Recordando-se da sua misericórdia;
55 Como falou a nossos
pais, Para com Abraäo e a sua posteridade, para sempre.
56 E Maria ficou com
ela quase três meses, e depois voltou para sua casa.
57 E completou-se para
Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho.
58 E os seus vizinhos
e parentes ouviram que tinha Deus usado para com ela de grande misericórdia,
e alegraram-se com ela.
59 E aconteceu que,
ao oitavo dia, vieram circuncidar o menino, e lhe chamavam Zacarias, o
nome de seu pai.
60 E, respondendo sua
mäe, disse: Näo, porém será chamado Joäo.
61 E disseram-lhe: Ninguém
há na tua parentela que se chame por este nome.
62 E perguntaram por
acenos ao pai como queria que lhe chamassem.
63 E, pedindo ele uma
tabuinha de escrever, escreveu, dizendo: O seu nome é Joäo.
E todos se maravilharam.
64 E logo a boca se
lhe abriu, e a língua se lhe soltou; e falava, louvando a Deus.
65 E veio temor sobre
todos os seus vizinhos, e em todas as montanhas da Judéia foram
divulgadas todas estas coisas.
66 E todos os que as
ouviam as conservavam em seus coraçöes, dizendo: Quem será,
pois, este menino? E a mäo do Senhor estava com ele.
67 E Zacarias, seu pai,
foi cheio do Espírito Santo, e profetizou, dizendo:
68 Bendito o Senhor
Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo,
69 E nos levantou uma
salvaçäo poderosa Na casa de Davi seu servo.
70 Como falou pela boca
dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo;
71 Para nos livrar dos
nossos inimigos e da mäo de todos os que nos odeiam;
72 Para manifestar misericórdia
a nossos pais, E lembrar-se da sua santa aliança,
73 E do juramento que
jurou a Abraäo nosso pai,
74 De conceder-nos que,
Libertados da mäo de nossos inimigos, o serviríamos sem temor,
75 Em santidade e justiça
perante ele, todos os dias da nossa vida.
76 E tu, ó menino,
serás chamado profeta do Altíssimo, Porque hás de
ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
77 Para dar ao seu povo
conhecimento da salvaçäo, Na remissäo dos seus pecados;
78 Pelas entranhas da
misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do alto nos visitou;
79 Para iluminar aos
que estäo assentados em trevas e na sombra da morte; A fim de dirigir
os nossos pés pelo caminho da paz.
80 E o menino crescia,
e se robustecia em espírito. E esteve nos desertos até ao
dia em que havia de mostrar-se a Israel.
1 E aconteceu naqueles
dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo
o mundo se alistasse
2 (Este primeiro alistamento
foi feito sendo Quirino presidente da Síria).
3 E todos iam alistar-se,
cada um à sua própria cidade.
4 E subiu também
José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia,
à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da casa e família
de Davi),
5 A fim de alistar-se
com Maria, sua esposa, que estava grávida.
6 E aconteceu que, estando
eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz.
7 E deu à luz
a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura,
porque näo havia lugar para eles na estalagem.
8 Ora, havia naquela
mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias
da noite, o seu rebanho.
9 E eis que o anjo do
Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor,
e tiveram grande temor.
10 E o anjo lhes disse:
Näo temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que
será para todo o povo:
11 Pois, na cidade de
Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
12 E isto vos será
por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura.
13 E, no mesmo instante,
apareceu com o anjo uma multidäo dos exércitos celestiais,
louvando a Deus, e dizendo:
14 Glória a Deus
nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.
15 E aconteceu que,
ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns
aos outros: Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu,
e que o Senhor nos fez saber.
16 E foram apressadamente,
e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura.
17 E, vendo-o, divulgaram
a palavra que acerca do menino lhes fora dita;
18 E todos os que a
ouviram se maravilharam do que os pastores lhes diziam.
19 Mas Maria guardava
todas estas coisas, conferindo-as em seu coraçäo.
20 E voltaram os pastores,
glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como
lhes havia sido dito.
21 E, quando os oito
dias foram cumpridos, para circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de
Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.
22 E, cumprindo-se os
dias da purificaçäo dela, segundo a lei de Moisés, o
levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor
23 (Segundo o que está
escrito na lei do Senhor: Todo o macho primogênito será consagrado
ao Senhor);
24 E para darem a oferta
segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos.
25 Havia em Jerusalém
um homem cujo nome era Simeäo; e este homem era justo e temente a
Deus, esperando a consolaçäo de Israel; e o Espírito
Santo estava sobre ele.
26 E fora-lhe revelado,
pelo Espírito Santo, que ele näo morreria antes de ter visto
o Cristo do Senhor.
27 E pelo Espírito
foi ao templo e, quando os pais trouxeram o menino Jesus, para com ele
procederem segundo o uso da lei,
28 Ele, entäo,
o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:
29 Agora, Senhor, despedes
em paz o teu servo, Segundo a tua palavra;
30 Pois já os
meus olhos viram a tua salvaçäo,
31 A qual tu preparaste
perante a face de todos os povos;
32 Luz para iluminar
as naçöes, E para glória de teu povo Israel.
33 E José, e
sua mäe, se maravilharam das coisas que dele se diziam.
34 E Simeäo os
abençoou, e disse a Maria, sua mäe: Eis que este é posto
para queda e elevaçäo de muitos em Israel, e para sinal que
é contraditado
35 (E uma espada traspassará
também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos
de muitos coraçöes.
36 E estava ali a profetisa
Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Esta era já avançada
em idade, e tinha vivido com o marido sete anos, desde a sua virgindade;
37 E era viúva,
de quase oitenta e quatro anos, e näo se afastava do templo, servindo
a Deus em jejuns e oraçöes, de noite e de dia.
38 E sobrevindo na mesma
hora, ela dava graças a Deus, e falava dele a todos os que esperavam
a redençäo em Jerusalém.
39 E, quando acabaram
de cumprir tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galiléia,
para a sua cidade de Nazaré.
40 E o menino crescia,
e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça
de Deus estava sobre ele.
41 Ora, todos os anos
iam seus pais a Jerusalém à festa da páscoa;
42 E, tendo ele já
doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa.
43 E, regressando eles,
terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalém, e näo
o soube José, nem sua mäe.
44 Pensando, porém,
eles que viria de companhia pelo caminho, andaram caminho de um dia, e
procuravam-no entre os parentes e conhecidos;
45 E, como o näo
encontrassem, voltaram a Jerusalém em busca dele.
46 E aconteceu que,
passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores,
ouvindo-os, e interrogando-os.
47 E todos os que o
ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.
48 E quando o viram,
maravilharam-se, e disse-lhe sua mäe: Filho, por que fizeste assim
para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
49 E ele lhes disse:
Por que é que me procuráveis? Näo sabeis que me convém
tratar dos negócios de meu Pai?
50 E eles näo compreenderam
as palavras que lhes dizia.
51 E desceu com eles,
e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mäe guardava no
seu coraçäo todas estas coisas.
52 E crescia Jesus em
sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.
1 E no ano quinze do
império de Tibério César, sendo Póncio Pilatos
presidente da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, e seu
irmäo Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites,
e Lisánias tetrarca de Abilene,
2 Sendo Anás
e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a Joäo,
filho de Zacarias.
3 E percorreu toda a
terra ao redor do Jordäo, pregando o batismo de arrependimento, para
o perdäo dos pecados;
4 Segundo o que está
escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do
que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; Endireitai as suas
veredas.
5 Todo o vale se encherá,
E se abaixará todo o monte e outeiro; E o que é tortuoso
se endireitará, E os caminhos escabrosos se aplanaräo;
6 E toda a carne verá
a salvaçäo de Deus.
7 Dizia, pois, Joäo
à multidäo que saía para ser batizada por ele: Raça
de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para
vir?
8 Produzi, pois, frutos
dignos de arrependimento, e näo comeceis a dizer em vós mesmos:
Temos Abraäo por pai; porque eu vos digo que até destas pedras
pode Deus suscitar filhos a Abraäo.
9 E também já
está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore,
pois, que näo dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.
10 E a multidäo
o interrogava, dizendo: Que faremos, pois?
11 E, respondendo ele,
disse-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com o que näo
tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira.
12 E chegaram também
uns publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos
fazer?
13 E ele lhes disse:
Näo peçais mais do que o que vos está ordenado.
14 E uns soldados o
interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes
disse: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com
o vosso soldo.
15 E, estando o povo
em expectaçäo, e pensando todos de Joäo, em seus coraçöes,
se porventura seria o Cristo,
16 Respondeu Joäo
a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que
vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual näo sou digno
de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito
Santo e com fogo.
17 Ele tem a pá
na sua mäo; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo
no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga.
18 E assim, admoestando-os,
muitas outras coisas também anunciava ao povo.
19 Sendo, porém,
o tetrarca Herodes repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de
seu irmäo Filipe, e por todas as maldades que Herodes tinha feito,
20 Acrescentou a todas
as outras ainda esta, a de encerrar Joäo num cárcere.
21 E aconteceu que,
como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando
ele, o céu se abriu;
22 E o Espírito
Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se
uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti
me comprazo.
23 E o mesmo Jesus começava
a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José,
e José de Heli,
24 E Heli de Matä,
e Matä de Levi, e Levi de Melqui, e Melqui de Janai, e Janai de José,
25 E José de
Matatias, e Matatias de Amós, e Amós de Naum, e Naum de Esli,
e Esli de Nagaí,
26 E Nagaí de
Máate, e Máate de Matatias, e Matatias de Semei, e Semei
de José, e José de Jodá,
27 E Jodá de
Joanä, e Joanä de Resá, e Resá de Zorobabel, e
Zorobabel de Salatiel, e Salatiel de Neri,
28 E Neri de Melqui,
e Melqui de Adi, e Adi de Cosä, e Cosä de Elmadä, e Elmadä
de Er,
29 E Er de Josué,
e Josué de Eliézer, e Eliézer de Jorim, e Jorim de
Matä, e Matä de Levi,
30 E Levi de Simeäo,
e Simeäo de Judá, e Judá de José, e José
de Jonä, e Jonä de Eliaquim,
31 E Eliaquim de Meleá,
e Meleá de Mená, e Mená de Matatá, e Matatá
de Natä, e Natä de Davi,
32 E Davi de Jessé,
e Jessé de Obede, e Obede de Boaz, e Boaz de Salá, e Salá
de Naassom,
33 E Naassom de Aminadabe,
e
Aminadabe de Aräo, e Aräo de Esrom, e Esrom de Parez,
e
Perez de Judá,
34 E Judá de
Jacó, e Jacó de Isaque, e Isaque de Abraäo, e Abraäo
de Terá, e Terá de Nacor,
35 E Nacor de Seruque,
e Seruque de Ragaú, e Ragaú de Fáleque, e Fáleque
de Éber, e Éber de Salá,
36 E Salá de
Cainä, e Cainä de Arfaxade, e Arfaxade de Sem, e Sem de Noé,
e Noé de Lameque,
37 E Lameque de Metusalém,
e Metusalém de Enoque, e Enoque de Jarete, e Jarete de Maleleel,
e Maleleel de Cainä,
38 E Cainä de Enos,
e Enos de Sete, e Sete de Adäo, e Adäo de Deus.
1 E Jesus, cheio do Espírito
Santo, voltou do Jordäo e foi levado pelo Espírito ao deserto;
2 E quarenta dias foi
tentado pelo diabo, e naqueles dias näo comeu coisa alguma; e, terminados
eles, teve fome.
3 E disse-lhe o diabo:
Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em
päo.
4 E Jesus lhe respondeu,
dizendo: Está escrito que nem só de päo viverá
o homem, mas de toda a palavra de Deus.
5 E o diabo, levando-o
a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo.
6 E disse-lhe o diabo:
Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi
entregue, e dou-o a quem quero.
7 Portanto, se tu me
adorares, tudo será teu.
8 E Jesus, respondendo,
disse-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está
escrito: Adorarás o SENHOR teu Deus, e só a ele servirás.
9 Levou-o também
a Jerusalém, e pó-lo sobre o pináculo do templo, e
disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
10 Porque está
escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem,
11 E que te sustenham
nas mäos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra.
12 E Jesus, respondendo,
disse-lhe: Dito está: Näo tentarás ao Senhor teu Deus.
13 E, acabando o diabo
toda a tentaçäo, ausentou-se dele por algum tempo.
14 Entäo, pela
virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia, e a sua
fama correu por todas as terras em derredor.
15 E ensinava nas suas
sinagogas, e por todos era louvado.
16 E, chegando a Nazaré,
onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume,
na sinagoga, e levantou-se para ler.
17 E foi-lhe dado o
livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar
em que estava escrito:
18 O Espírito
do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres.
Enviou-me a curar os quebrantados do coraçäo,
19 A pregar liberdade
aos cativos, E restauraçäo da vista aos cegos, A pór
em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor.
20 E, cerrando o livro,
e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga
estavam fitos nele.
21 Entäo começou
a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.
22 E todos lhe davam
testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que saíam
da sua boca; e diziam: Näo é este o filho de José?
23 E ele lhes disse:
Sem dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te
a ti mesmo; faze também aqui na tua pátria tudo que ouvimos
ter sido feito em Cafarnaum.
24 E disse: Em verdade
vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua pátria.
25 Em verdade vos digo
que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o
céu se cerrou por três anos e seis meses, de sorte que em
toda a terra houve grande fome;
26 E a nenhuma delas
foi enviado Elias, senäo a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva.
27 E muitos leprosos
havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado,
senäo Naamä, o siro.
28 E todos, na sinagoga,
ouvindo estas coisas, se encheram de ira.
29 E, levantando-se,
o expulsaram da cidade, e o levaram até ao cume do monte em que
a cidade deles estava edificada, para dali o precipitarem.
30 Ele, porém,
passando pelo meio deles, retirou-se.
31 E desceu a Cafarnaum,
cidade da Galiléia, e os ensinava nos sábados.
32 E admiravam a sua
doutrina porque a sua palavra era com autoridade.
33 E estava na sinagoga
um homem que tinha o espírito de um demónio imundo, e exclamou
em alta voz,
34 Dizendo: Ah! que
temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos? Bem sei
quem és: O Santo de Deus.
35 E Jesus o repreendeu,
dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demónio, lançando-o por
terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal.
36 E veio espanto sobre
todos, e falavam uns com os outros, dizendo: Que palavra é esta,
que até aos espíritos imundos manda com autoridade e poder,
e eles saem?
37 E a sua fama divulgava-se
por todos os lugares, em redor daquela comarca.
38 Ora, levantando-se
Jesus da sinagoga, entrou em casa de Simäo; e a sogra de Simäo
estava enferma com muita febre, e rogaram-lhe por ela.
39 E, inclinando-se
para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou. E ela, levantando-se logo,
servia-os.
40 E, ao pór
do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos
traziam; e, pondo as mäos sobre cada um deles, os curava.
41 E também de
muitos saíam demónios, clamando e dizendo: Tu és o
Cristo, o Filho de Deus. E ele, repreendendo-os, näo os deixava falar,
pois sabiam que ele era o Cristo.
42 E, sendo já
dia, saiu, e foi para um lugar deserto; e a multidäo o procurava,
e chegou junto dele; e o detinham, para que näo se ausentasse deles.
43 Ele, porém,
lhes disse: Também é necessário que eu anuncie a outras
cidades o evangelho do reino de Deus; porque para isso fui enviado.
44 E pregava nas sinagogas
da Galiléia.
1 E aconteceu que, apertando-o
a multidäo, para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago
de Genesaré;
2 E viu estar dois barcos
junto à praia do lago; e os pescadores, havendo descido deles, estavam
lavando as redes.
3 E, entrando num dos
barcos, que era o de Simäo, pediu-lhe que o afastasse um pouco da
terra; e, assentando-se, ensinava do barco a multidäo.
4 E, quando acabou de
falar, disse a Simäo: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas
redes para pescar.
5 E, respondendo Simäo,
disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas,
sobre a tua palavra, lançarei a rede.
6 E, fazendo assim,
colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede.
7 E fizeram sinal aos
companheiros que estavam no outro barco, para que os fossem ajudar. E foram,
e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique.
8 E vendo isto Simäo
Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te
de mim, que sou um homem pecador.
9 Pois que o espanto
se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por causa da pesca
de peixe que haviam feito.
10 E, de igual modo,
também de Tiago e Joäo, filhos de Zebedeu, que eram companheiros
de Simäo. E disse Jesus a Simäo: Näo temas; de agora em
diante serás pescador de homens.
11 E, levando os barcos
para terra, deixaram tudo, e o seguiram.
12 E aconteceu que,
quando estava numa daquelas cidades, eis que um homem cheio de lepra, vendo
a Jesus, prostrou-se sobre o rosto, e rogou-lhe, dizendo: Senhor, se quiseres,
bem podes limpar-me.
13 E ele, estendendo
a mäo, tocou-lhe, dizendo: Quero, sê limpo. E logo a lepra desapareceu
dele.
14 E ordenou-lhe que
a ninguém o dissesse. Mas vai, disse, mostra-te ao sacerdote, e
oferece, pela tua purificaçäo, o que Moisés determinou,
para que lhes sirva de testemunho.
15 A sua fama, porém,
se propagava ainda mais, e ajuntava-se muita gente para o ouvir e para
ser por ele curada das suas enfermidades.
16 Ele, porém,
retirava-se para os desertos, e ali orava.
17 E aconteceu que,
num daqueles dias, estava ensinando, e estavam ali assentados fariseus
e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia,
e da Judéia, e de Jerusalém. E a virtude do Senhor estava
com ele para curar.
18 E eis que uns homens
transportaram numa cama um homem que estava paralítico, e procuravam
fazê-lo entrar e pó-lo diante dele.
19 E, näo achando
por onde o pudessem levar, por causa da multidäo, subiram ao telhado,
e por entre as telhas o baixaram com a cama, até ao meio, diante
de Jesus.
20 E, vendo ele a fé
deles, disse-lhe: Homem, os teus pecados te säo perdoados.
21 E os escribas e os
fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que diz
blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senäo só Deus?
22 Jesus, porém,
conhecendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Que arrazoais
em vossos coraçöes?
23 Qual é mais
fácil? dizer: Os teus pecados te säo perdoados; ou dizer: Levanta-te,
e anda?
24 Ora, para que saibais
que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse
ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai
para tua casa.
25 E, levantando-se
logo diante deles, e tomando a cama em que estava deitado, foi para sua
casa, glorificando a Deus.
26 E todos ficaram maravilhados,
e glorificaram a Deus; e ficaram cheios de temor, dizendo: Hoje vimos prodígios.
27 E, depois disto,
saiu, e viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe:
Segue-me.
28 E ele, deixando tudo,
levantou-se e o seguiu.
29 E fez-lhe Levi um
grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidäo de publicanos
e outros que estavam com eles à mesa.
30 E os escribas deles,
e os fariseus, murmuravam contra os seus discípulos, dizendo: Por
que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?
31 E Jesus, respondendo,
disse-lhes: Näo necessitam de médico os que estäo säos,
mas, sim, os que estäo enfermos;
32 Eu näo vim chamar
os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.
33 Disseram-lhe, entäo,
eles: Por que jejuam os discípulos de Joäo muitas vezes, e
fazem oraçöes, como também os dos fariseus, mas os teus
comem e bebem?
34 E ele lhes disse:
Podeis vós fazer jejuar os filhos das bodas, enquanto o esposo está
com eles?
35 Dias viräo,
porém, em que o esposo lhes será tirado, e entäo, naqueles
dias, jejuaräo.
36 E disse-lhes também
uma parábola: Ninguém tira um pedaço de uma roupa
nova para a coser em roupa velha, pois romperá a nova e o remendo
näo condiz com a velha.
37 E ninguém
deita vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá
os odres, e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragaräo;
38 Mas o vinho novo
deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservaräo.
39 E ninguém
tendo bebido o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho.
1 E aconteceu que, no
sábado segundo-primeiro, passou pelas searas, e os seus discípulos
iam arrancando espigas e, esfregando-as com as mäos, as comiam.
2 E alguns dos fariseus
lhes disseram: Por que fazeis o que näo é lícito fazer
nos sábados?
3 E Jesus, respondendo-lhes,
disse: Nunca lestes o que fez Davi quando teve fome, ele e os que com ele
estavam?
4 Como entrou na casa
de Deus, e tomou os päes da proposiçäo, e os comeu, e
deu também aos que estavam com ele, os quais näo é lícito
comer senäo só aos sacerdotes?
5 E dizia-lhes: O Filho
do homem é Senhor até do sábado.
6 E aconteceu também
noutro sábado, que entrou na sinagoga, e estava ensinando; e havia
ali um homem que tinha a mäo direita mirrada.
7 E os escribas e fariseus
observavam-no, se o curaria no sábado, para acharem de que o acusar.
8 Mas ele bem conhecia
os seus pensamentos; e disse ao homem que tinha a mäo mirrada: Levanta-te,
e fica em pé no meio. E, levantando-se ele, ficou em pé.
9 Entäo Jesus lhes
disse: Uma coisa vos hei de perguntar: É lícito nos sábados
fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou matar?
10 E, olhando para todos
em redor, disse ao homem: Estende a tua mäo. E ele assim o fez, e
a mäo lhe foi restituída sä como a outra.
11 E ficaram cheios
de furor, e uns com os outros conferenciavam sobre o que fariam a Jesus.
12 E aconteceu que naqueles
dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oraçäo a Deus.
13 E, quando já
era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles,
a quem também deu o nome de apóstolos:
14 Simäo, ao qual
também chamou Pedro, e André, seu irmäo; Tiago e Joäo;
Filipe e Bartolomeu;
15 Mateus e Tomé;
Tiago, filho de Alfeu, e Simäo, chamado Zelote;
16 E Judas, irmäo
de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor.
17 E, descendo com eles,
parou num lugar plano, e também um grande número de seus
discípulos, e grande multidäo de povo de toda a Judéia,
e de Jerusalém, e da costa marítima de Tiro e de Sidom; os
quais tinham vindo para o ouvir, e serem curados das suas enfermidades,
18 Como também
os atormentados dos espíritos imundos; e eram curados.
19 E toda a multidäo
procurava tocar-lhe, porque saía dele virtude, e curava a todos.
20 E, levantando ele
os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós,
os pobres, porque vosso é o reino de Deus.
21 Bem-aventurados vós,
que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós,
que agora chorais, porque haveis de rir.
22 Bem-aventurados sereis
quando os homens vos odiarem e quando vos separarem, e vos injuriarem,
e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem.
23 Folgai nesse dia,
exultai; porque eis que é grande o vosso galardäo no céu,
pois assim faziam os seus pais aos profetas.
24 Mas ai de vós,
ricos! porque já tendes a vossa consolaçäo.
25 Ai de vós,
os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora
rides, porque vos lamentareis e chorareis.
26 Ai de vós
quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam
seus pais aos falsos profetas.
27 Mas a vós,
que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam;
28 Bendizei os que vos
maldizem, e orai pelos que vos caluniam.
29 Ao que te ferir numa
face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa,
nem a túnica recuses;
30 E dá a qualquer
que te pedir; e ao que tomar o que é teu, näo lho tornes a
pedir.
31 E como vós
quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós,
também.
32 E se amardes aos
que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos
que os amam.
33 E se fizerdes bem
aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores
fazem o mesmo.
34 E se emprestardes
àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis?
Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber
outro tanto.
35 Amai, pois, a vossos
inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será
grande o vosso galardäo, e sereis filhos do Altíssimo; porque
ele é benigno até para com os ingratos e maus.
36 Sede, pois, misericordiosos,
como também vosso Pai é misericordioso.
37 Näo julgueis,
e näo sereis julgados; näo condeneis, e näo sereis condenados;
soltai, e soltar-vos-äo.
38 Dai, e ser-vos-á
dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitaräo
no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também
vos mediräo de novo.
39 E dizia-lhes uma
parábola: Pode porventura o cego guiar o cego? Näo cairäo
ambos na cova?
40 O discípulo
näo é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será
como o seu mestre.
41 E por que atentas
tu no argueiro que está no olho de teu irmäo, e näo reparas
na trave que está no teu próprio olho?
42 Ou como podes dizer
a teu irmäo: Irmäo, deixa-me tirar o argueiro que está
no teu olho, näo atentando tu mesmo na trave que está no teu
olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e entäo
verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmäo.
43 Porque näo há
boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que
dê bom fruto.
44 Porque cada árvore
se conhece pelo seu próprio fruto; pois näo se colhem figos
dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos.
45 O homem bom, do bom
tesouro do seu coraçäo tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro
do seu coraçäo tira o mal, porque da abundáncia do seu
coraçäo fala a boca.
46 E por que me chamais,
Senhor, Senhor, e näo fazeis o que eu digo?
47 Qualquer que vem
a mim e ouve as minhas palavras, e as ob-serva, eu vos mostrarei a quem
é semelhante:
48 É semelhante
ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pós
os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto
a corrente naquela casa, e näo a póde abalar, porque estava
fundada sobre a rocha.
49 Mas o que ouve e
näo pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre
terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo
caiu; e foi grande a ruína daquela casa.
1 E, depois de concluir
todos estes discursos perante o povo, entrou em Cafarnaum.
2 E o servo de um certo
centuriäo, a quem muito estimava, estava doente, e moribundo.
3 E, quando ouviu falar
de Jesus, enviou-lhe uns anciäos dos judeus, rogando-lhe que viesse
curar o seu servo.
4 E, chegando eles junto
de Jesus, rogaram-lhe muito, dizendo: É digno de que lhe concedas
isto,
5 Porque ama a nossa
naçäo, e ele mesmo nos edificou a sinagoga.
6 E foi Jesus com eles;
mas, quando já estava perto da casa, enviou-lhe o centuriäo
uns amigos, dizendo-lhe: Senhor, näo te incomodes, porque näo
sou digno de que entres debaixo do meu telhado.
7 E por isso nem ainda
me julguei digno de ir ter contigo; dize, porém, uma palavra, e
o meu criado sarará.
8 Porque também
eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob o meu poder,
e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo:
Faze isto, e ele o faz.
9 E, ouvindo isto Jesus,
maravilhou-se dele, e voltando-se, disse à multidäo que o seguia:
Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé.
10 E, voltando para
casa os que foram enviados, acharam säo o servo enfermo.
11 E aconteceu que,
no dia seguinte, ele foi à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos
dos seus discípulos, e uma grande multidäo;
12 E, quando chegou
perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único
de sua mäe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidäo
da cidade.
13 E, vendo-a, o Senhor
moveu-se de íntima compaixäo por ela, e disse-lhe: Näo
chores.
14 E, chegando-se, tocou
o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te.
E o defunto assentou-se, e começou a falar.
15 E entregou-o a sua
mäe.
16 E de todos se apoderou
o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou
entre nós, e Deus visitou o seu povo.
17 E correu dele esta
fama por toda a Judéia e por toda a terra circunvizinha.
18 E os discípulos
de Joäo anunciaram-lhe todas estas coisas.
19 E Joäo, chamando
dois dos seus discípulos, enviou-os a Jesus, dizendo: És
tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?
20 E, quando aqueles
homens chegaram junto dele, disseram: Joäo o Batista enviou-nos a
perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?
21 E, na mesma hora,
curou muitos de enfermidades, e males, e espíritos maus, e deu vista
a muitos cegos.
22 Respondendo, entäo,
Jesus, disse-lhes: Ide, e anunciai a Joäo o que tendes visto e ouvido:
que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos säo purificados,
os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o evangelho.
23 E bem-aventurado
é aquele que em mim se näo escandalizar.
24 E, tendo-se retirado
os mensageiros de Joäo, começou a dizer à multidäo
acerca de Joäo: Que saístes a ver no deserto? uma cana abalada
pelo vento?
25 Mas que saístes
a ver? um homem trajado de vestes delicadas? Eis que os que andam com preciosas
vestiduras, e em delícias, estäo nos paços reais.
26 Mas que saístes
a ver? um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
27 Este é aquele
de quem está escrito: Eis que envio o meu anjo diante da tua face,
O qual preparará diante de ti o teu caminho.
28 E eu vos digo que,
entre os nascidos de mulheres, näo há maior profeta do que
Joäo o Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que
ele.
29 E todo o povo que
o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de Joäo,
justificaram a Deus.
30 Mas os fariseus e
os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, näo
tendo sido batizados por ele.
31 E disse o Senhor:
A quem, pois, compararei os homens desta geraçäo, e a quem
säo semelhantes?
32 Säo semelhantes
aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns aos outros, e
dizem: Tocamo-vos flauta, e näo dançastes; cantamo-vos lamentaçöes,
e näo chorastes.
33 Porque veio Joäo
o Batista, que näo comia päo nem bebia vinho, e dizeis: Tem demónio;
34 Veio o Filho do homem,
que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comiläo e bebedor
de vinho, amigo dos publicanos e pecadores.
35 Mas a sabedoria é
justificada por todos os seus filhos.
36 E rogou-lhe um dos
fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se
à mesa.
37 E eis que uma mulher
da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do
fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento;
38 E, estando por detrás,
aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés
com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça;
e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o ungüento.
39 Quando isto viu o
fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta,
bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é
uma pecadora.
40 E respondendo, Jesus
disse-lhe: Simäo, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a,
Mestre.
41 Um certo credor tinha
dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta.
42 E, näo tendo
eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará
mais?
43 E Simäo, respondendo,
disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe
disse: Julgaste bem.
44 E, voltando-se para
a mulher, disse a Simäo: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa,
e näo me deste água para os pés; mas esta regou-me os
pés com lágrimas, e mos enxugou com os seus cabelos.
45 Näo me deste
ósculo, mas esta, desde que entrou, näo tem cessado de me beijar
os pés.
46 Näo me ungiste
a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento.
47 Por isso te digo
que os seus muitos pecados lhe säo perdoados, porque muito amou; mas
aquele a quem pouco é perdoado pouco ama.
48 E disse-lhe a ela:
Os teus pecados te säo perdoados.
49 E os que estavam
à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que
até perdoa pecados?
50 E disse à
mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.
1 E aconteceu, depois
disto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando
e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele,
2 E algumas mulheres
que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades:
Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demónios;
3 E Joana, mulher de
Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com
seus bens.
4 E, ajuntando-se uma
grande multidäo, e vindo de todas as cidades ter com ele, disse por
parábola:
5 Um semeador saiu a
semear a sua semente e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e
foi pisada, e as aves do céu a comeram;
6 E outra caiu sobre
pedra e, nascida, secou-se, pois que näo tinha umidade;
7 E outra caiu entre
espinhos e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram;
8 E outra caiu em boa
terra, e, nascida, produziu fruto, a cento por um. Dizendo ele estas coisas,
clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
9 E os seus discípulos
o interrogaram, dizendo: Que parábola é esta?
10 E ele disse: A vós
vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos
outros por parábolas, para que vendo, näo vejam, e ouvindo,
näo entendam.
11 Esta é, pois,
a parábola: A semente é a palavra de Deus;
12 E os que estäo
junto do caminho, estes säo os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes
do coraçäo a palavra, para que näo se salvem, crendo;
13 E os que estäo
sobre pedra, estes säo os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria,
mas, como näo têm raiz, apenas crêem por algum tempo,
e no tempo da tentaçäo se desviam;
14 E a que caiu entre
espinhos, esses säo os que ouviram e, indo por diante, säo sufocados
com os cuidados e riquezas e deleites da vida, e näo däo fruto
com perfeiçäo;
15 E a que caiu em boa
terra, esses säo os que, ouvindo a palavra, a conservam num coraçäo
honesto e bom, e däo fruto com perseverança.
16 E ninguém,
acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a pöe debaixo da
cama; mas pöe-na no velador, para que os que entram vejam a luz.
17 Porque näo há
coisa oculta que näo haja de manifestar-se, nem escondida que näo
haja de saber-se e vir à luz.
18 Vede, pois, como
ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que
näo tiver até o que parece ter lhe será tirado.
19 E foram ter com ele
sua mäe e seus irmäos, e näo podiam aproximar-se dele, por
causa da multidäo.
20 E foi-lhe dito: Estäo
lá fora tua mäe e teus irmäos, que querem ver-te.
21 Mas, respondendo
ele, disse-lhes: Minha mäe e meus irmäos säo aqueles que
ouvem a palavra de Deus e a executam.
22 E aconteceu que,
num daqueles dias, entrou num barco com seus discípulos, e disse-lhes:
Passemos para o outro lado do lago. E partiram.
23 E, navegando eles,
adormeceu; e sobreveio uma tempestade de vento no lago, e enchiam-se de
água, estando em perigo.
24 E, chegando-se a
ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, perecemos. E ele, levantando-se,
repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se
bonança.
25 E disse-lhes: Onde
está a vossa fé? E eles, temendo, maravilharam-se, dizendo
uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à
água manda, e lhe obedecem?
26 E navegaram para
a terra dos gadarenos, que está defronte da Galiléia.
27 E, quando desceu
para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que desde muito
tempo estava possesso de demónios, e näo andava vestido, nem
habitava em qualquer casa, mas nos sepulcros.
28 E, quando viu a Jesus,
prostrou-se diante dele, exclamando, e dizendo com grande voz: Que tenho
eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que näo
me atormentes.
29 Porque tinha ordenado
ao espírito imundo que saísse daquele homem; pois já
havia muito tempo que o arrebatava. E guardavam-no preso, com grilhöes
e cadeias; mas, quebrando as prisöes, era impelido pelo demónio
para os desertos.
30 E perguntou-lhe Jesus,
dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legiäo; porque tinham
entrado nele muitos demónios.
31 E rogavam-lhe que
os näo mandasse para o abismo.
32 E andava ali pastando
no monte uma vara de muitos porcos; e rogaram-lhe que lhes concedesse entrar
neles; e concedeu-lho.
33 E, tendo saído
os demónios do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se
de um despenhadeiro no lago, e afogou-se.
34 E aqueles que os
guardavam, vendo o que acontecera, fugiram, e foram anunciá-lo na
cidade e nos campos.
35 E saíram a
ver o que tinha acontecido, e vieram ter com Jesus. Acharam entäo
o homem, de quem haviam saído os demónios, vestido, e em
seu juízo, assentado aos pés de Jesus; e temeram.
36 E os que tinham visto
contaram-lhes também como fora salvo aquele endemoninhado.
37 E toda a multidäo
da terra dos gadarenos ao redor lhe rogou que se retirasse deles; porque
estavam possuídos de grande temor. E entrando ele no barco, voltou.
38 E aquele homem, de
quem haviam saído os demónios, rogou-lhe que o deixasse estar
com ele; mas Jesus o despediu, dizendo:
39 Torna para tua casa,
e conta quäo grandes coisas te fez Deus. E ele foi apregoando por
toda a cidade quäo grandes coisas Jesus lhe tinha feito.
40 E aconteceu que,
quando voltou Jesus, a multidäo o recebeu, porque todos o estavam
esperando.
41 E eis que chegou
um homem de nome Jairo, que era príncipe da sinagoga; e, prostrando-se
aos pés de Jesus, rogava-lhe que entrasse em sua casa;
42 Porque tinha uma
filha única, quase de doze anos, que estava à morte. E indo
ele, apertava-o a multidäo.
43 E uma mulher, que
tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos
todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada,
44 Chegando por detrás
dele, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue.
45 E disse Jesus: Quem
é que me tocou? E, negando todos, disse Pedro e os que estavam com
ele: Mestre, a multidäo te aperta e te oprime, e dizes: Quem é
que me tocou?
46 E disse Jesus: Alguém
me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude.
47 Entäo, vendo
a mulher que näo podia ocultar-se, aproximou-se tremendo e, prostrando-se
ante ele, declarou-lhe diante de todo o povo a causa por que lhe havia
tocado, e como logo sarara.
48 E ele lhe disse:
Tem bom ánimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.
49 Estando ele ainda
falando, chegou um dos do príncipe da sinagoga, dizendo: A tua filha
já está morta, näo incomodes o Mestre.
50 Jesus, porém,
ouvindo-o, respondeu-lhe, dizendo: Näo temas; crê somente, e
será salva.
51 E, entrando em casa,
a ninguém deixou entrar, senäo a Pedro, e a Tiago, e a Joäo,
e ao pai e a mäe da menina.
52 E todos choravam,
e a pranteavam; e ele disse: Näo choreis; näo está morta,
mas dorme.
53 E riam-se dele, sabendo
que estava morta.
54 Mas ele, pondo-os
todos fora, e pegando-lhe na mäo, clamou, dizendo: Levanta-te, menina.
55 E o seu espírito
voltou, e ela logo se levantou; e Jesus mandou que lhe dessem de comer.
56 E seus pais ficaram
maravilhados; e ele lhes mandou que a ninguém dissessem o que havia
sucedido.