CAPITULOS

 
1 a 11
12 a 22
23 a 31



Capitulo 21
1  Como ribeiros de águas assim é o coraçäo do rei na mäo do SENHOR, que o inclina a todo o seu querer.
2  Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas o SENHOR sonda os coraçöes.
3  Fazer justiça e juízo é mais aceitável ao SENHOR do que sacrifício.
4  Os olhos altivos, o coraçäo orgulhoso e a lavoura dos ímpios é pecado.
5  Os pensamentos do diligente tendem só para a abundáncia, porém os de todo apressado, täo-somente para a pobreza.
6  Trabalhar com língua falsa para ajuntar tesouros é vaidade que conduz aqueles que buscam a morte.
7  As rapinas dos ímpios os destruiräo, porquanto se recusam a fazer justiça.
8  O caminho do homem é todo perverso e estranho, porém a obra do homem puro é reta.
9  É melhor morar num canto de telhado do que ter como companheira em casa ampla uma mulher briguenta.
10  A alma do ímpio deseja o mal; o seu próximo näo agrada aos seus olhos.
11  Quando o escarnecedor é castigado, o simples torna-se sábio; e o sábio quando é instruído recebe o conhecimento.
12  O justo considera com prudência a casa do ímpio; mas Deus destrói os ímpios por causa dos seus males.
13  O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também clamará e näo será ouvido.
14  O presente dado em segredo aplaca a ira, e a dádiva no regaço pöe fim à maior indignaçäo.
15  O fazer justiça é alegria para o justo, mas destruiçäo para os que praticam a iniqüidade.
16  O homem que anda desviado do caminho do entendimento, na congregaçäo dos mortos repousará.
17  O que ama os prazeres padecerá necessidade; o que ama o vinho e o azeite nunca enriquecerá.
18  O resgate do justo é o ímpio; o do honrado é o perverso.
19  É melhor morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e irritadiça.
20  Tesouro desejável e azeite há na casa do sábio, mas o homem insensato os esgota.
21  O que segue a justiça e a beneficência achará a vida, a justiça e a honra.
22  O sábio escala a cidade do poderoso e derruba a força da sua confiança.
23  O que guarda a sua boca e a sua língua guarda a sua alma das angústias.
24  O soberbo e presumido, zombador é o seu nome, trata com indignaçäo e soberba.
25  O desejo do preguiçoso o mata, porque as suas mäos recusam trabalhar.
26  O cobiçoso cobiça o dia todo, mas o justo dá, e nada retém.
27  O sacrifício dos ímpios já é abominaçäo; quanto mais oferecendo-o com má intençäo!
28  A falsa testemunha perecerá, porém o homem que dá ouvidos falará sempre.
29  O homem ímpio endurece o seu rosto; mas o reto considera o seu caminho.
30  Näo há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra o SENHOR.
31  Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, porém do SENHOR vem a vitória.


Capitulo 22
1  Vale mais ter um bom nome do que muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro.
2  O rico e o pobre se encontram; a todos o SENHOR os fez.
3  O prudente prevê o mal, e esconde-se; mas os simples passam e acabam pagando.
4  O galardäo da humildade e o temor do SENHOR säo riquezas, honra e vida.
5  Espinhos e laços há no caminho do perverso; o que guarda a sua alma retira-se para longe dele.
6  Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer näo se desviará dele.
7  O rico domina sobre os pobres e o que toma emprestado é servo do que empresta.
8  O que semear a perversidade segará males; e com a vara da sua própria indignaçäo será extinto.
9  O que vê com bons olhos será abençoado, porque dá do seu päo ao pobre.
10  Lança fora o escarnecedor, e se irá a contenda; e acabará a questäo e a vergonha.
11  O que ama a pureza de coraçäo, e é amável de lábios, será amigo do rei.
12  Os olhos do SENHOR conservam o conhecimento, mas as palavras do iníquo ele transtornará.
13  Diz o preguiçoso: Um leäo está lá fora; serei morto no meio das ruas.
14  Cova profunda é a boca das mulheres estranhas; aquele contra quem o SENHOR se irar, cairá nela.
15  A estultícia está ligada ao coraçäo da criança, mas a vara da correçäo a afugentará dela.
16  O que oprime ao pobre para se engrandecer a si mesmo, ou o que dá ao rico, certamente empobrecerá.
17  Inclina o teu ouvido e ouve as palavras dos sábios, e aplica o teu coraçäo ao meu conhecimento.
18  Porque te será agradável se as guardares no teu íntimo, se aplicares todas elas aos teus lábios.
19  Para que a tua confiança esteja no SENHOR, faço-te sabê-las hoje, a ti mesmo.
20  Porventura näo te escrevi excelentes coisas, acerca de todo conselho e conhecimento,
21  Para fazer-te saber a certeza das palavras da verdade, e assim possas responder palavras de verdade aos que te consultarem?
22  Näo roubes ao pobre, porque é pobre, nem atropeles na porta o aflito;
23  Porque o SENHOR defenderá a sua causa em juízo, e aos que os roubam ele lhes tirará a vida.
24  Näo sejas companheiro do homem briguento nem andes com o colérico,
25  Para que näo aprendas as suas veredas, e tomes um laço para a tua alma.
26  Näo estejas entre os que se comprometem, e entre os que ficam por fiadores de dívidas,
27  Pois se näo tens com que pagar, deixarias que te tirassem até a tua cama de debaixo de ti?
28  Näo removas os antigos limites que teus pais fizeram.
29  Viste o homem diligente na sua obra? Perante reis será posto; näo permanecerá entre os de posiçäo inferior.


Capitulo 23
1  Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para o que é posto diante de ti,
2  E se és homem de grande apetite, pöe uma faca à tua garganta.
3  Näo cobices as suas iguarias porque säo comidas enganosas.
4  Näo te fatigues para enriqueceres; e näo apliques nisso a tua sabedoria.
5  Porventura fixarás os teus olhos naquilo que näo é nada? porque certamente criará asas e voará ao céu como a águia.
6  Näo comas o päo daquele que tem o olhar maligno, nem cobices as suas iguarias gostosas.
7  Porque, como imaginou no seu coraçäo, assim é ele. Come e bebe, te disse ele; porém o seu coraçäo näo está contigo.
8  Vomitarás o bocado que comeste, e perderás as tuas suaves palavras.
9  Näo fales ao ouvido do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras.
10  Näo removas os limites antigos nem entres nos campos dos órfäos,
11  Porque o seu redentor é poderoso; e pleiteará a causa deles contra ti.
12  Aplica o teu coraçäo à instruçäo e os teus ouvidos às palavras do conhecimento.
13  Näo retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá.
14  Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno.
15  Filho meu, se o teu coraçäo for sábio, alegrar-se-á o meu coraçäo, sim, o meu próprio.
16  E exultaräo os meus rins, quando os teus lábios falarem coisas retas.
17  O teu coraçäo näo inveje os pecadores; antes permanece no temor do SENHOR todo dia.
18  Porque certamente acabará bem; näo será malograda a tua esperança.
19  Ouve tu, filho meu, e sê sábio, e dirige no caminho o teu coraçäo.
20  Näo estejas entre os beberröes de vinho, nem entre os comilöes de carne.
21  Porque o beberräo e o comiläo acabaräo na pobreza; e a sonolência os faz vestir-se de trapos.
22  Ouve teu pai, que te gerou, e näo desprezes tua mäe, quando vier a envelhecer.
23  Compra a verdade, e näo a vendas; e também a sabedoria, a instruçäo e o entendimento.
24  Grandemente se regozijará o pai do justo, e o que gerar um sábio, se alegrará nele.
25  Alegrem-se teu pai e tua mäe, e regozije-se a que te gerou.
26  Dá-me, filho meu, o teu coraçäo, e os teus olhos observem os meus caminhos.
27  Porque cova profunda é a prostituta, e poço estreito a estranha.
28  Pois ela, como um salteador, se pöe à espreita, e multiplica entre os homens os iníquos.
29  Para quem säo os ais? Para quem os pesares? Para quem as pelejas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem causa? E para quem os olhos vermelhos?
30  Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando vinho misturado.
31  Näo olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente.
32  No fim, picará como a cobra, e como o basilisco morderá.
33  Os teus olhos olharäo para as mulheres estranhas, e o teu coraçäo falará perversidades.
34  E serás como o que se deita no meio do mar, e como o que jaz no topo do mastro.
35  E dirás: Espancaram-me e näo me doeu; bateram-me e nem senti; quando despertarei? aí entäo beberei outra vez.


Capitulo 24
1  Näo tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles.
2  Porque o seu coraçäo medita a rapina, e os seus lábios falam a malícia.
3  Com a sabedoria se edifica a casa, e com o entendimento ela se estabelece;
4  E pelo conhecimento se encheräo as cámaras com todos os bens preciosos e agradáveis.
5  O homem sábio é forte, e o homem de conhecimento consolida a força.
6  Com conselhos prudentes tu farás a guerra; e há vitória na multidäo dos conselheiros.
7  A sabedoria é demasiadamente alta para o tolo, na porta näo abrirá a sua boca.
8  Åquele que cuida em fazer mal, chamá-lo-äo de pessoa danosa.
9  O pensamento do tolo é pecado, e abominável aos homens é o escarnecedor.
10  Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena.
11  Se tu deixares de livrar os que estäo sendo levados para a morte, e aos que estäo sendo levados para a matança;
12  Se disseres: Eis que näo o sabemos; porventura näo o considerará aquele que pondera os coraçöes? Näo o saberá aquele que atenta para a tua alma? Näo dará ele ao homem conforme a sua obra?
13  Come mel, meu filho, porque é bom; o favo de mel é doce ao teu paladar.
14  Assim será para a tua alma o conhecimento da sabedoria; se a achares, haverá galardäo para ti e näo será cortada a tua esperança.
15  Näo armes ciladas contra a habitaçäo do justo, ó ímpio, nem assoles o seu lugar de repouso,
16  Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçaräo no mal.
17  Quando cair o teu inimigo, näo te alegres, nem se regozije o teu coraçäo quando ele tropeçar;
18  Para que, vendo-o o SENHOR, seja isso mau aos seus olhos, e desvie dele a sua ira.
19  Näo te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos ímpios,
20  Porque o homem maligno näo terá galardäo, e a lámpada dos ímpios se apagará.
21  Teme ao SENHOR, filho meu, e ao rei, e näo te ponhas com os que buscam mudanças,
22  Porque de repente se levantará a sua destruiçäo, e a ruína de ambos, quem o sabe?
23  Também estes säo provérbios dos sábios: Ter respeito a pessoas no julgamento näo é bom.
24  O que disser ao ímpio: Justo és, os povos o amaldiçoaräo, as naçöes o detestaräo.
25  Mas para os que o repreenderem haverá delícias, e sobre eles virá a bênçäo do bem.
26  Beijados seräo os lábios do que responde com palavras retas.
27  Prepara de fora a tua obra, e aparelha-a no campo, e entäo edifica a tua casa.
28  Näo sejas testemunha sem causa contra o teu próximo; e näo enganes com os teus lábios.
29  Näo digas: Como ele me fez a mim, assim o farei eu a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra.
30  Passei pelo campo do preguiçoso, e junto à vinha do homem falto de entendimento,
31  Eis que estava toda cheia de cardos, e a sua superfície coberta de urtiga, e o seu muro de pedras estava derrubado.
32  O que eu tenho visto, o guardarei no coraçäo, e vendo-o recebi instruçäo.
33  Um pouco a dormir, um pouco a cochilar; outro pouco deitado de mäos cruzadas, para dormir,
34  Assim te sobrevirá a tua pobreza como um vagabundo, e a tua necessidade como um homem armado.


Capitulo 25
1  Também estes säo provérbios de Salomäo, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá.
2  A glória de Deus está nas coisas encobertas; mas a honra dos reis, está em descobri-las.
3  Os céus, pela altura, e a terra, pela profundidade, assim o coraçäo dos reis é insondável.
4  Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor;
5  Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará na justiça.
6  Näo te glories na presença do rei, nem te ponhas no lugar dos grandes;
7  Porque melhor é que te digam: Sobe aqui; do que seres humilhado diante do príncipe que os teus olhos já viram.
8  Näo te precipites em litigar, para que depois, ao fim, fiques sem açäo, quando teu próximo te puser em apuros.
9  Pleiteia a tua causa com o teu próximo, e näo reveles o problema a outrem,
10  Para que näo te desonre o que o ouvir, e a tua infámia näo se aparte de ti.
11  Como maçäs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.
12  Como pendentes de ouro e gargantilhas de ouro fino, assim é o sábio repreensor para o ouvido atento.
13  Como o frio da neve no tempo da sega, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam; porque refresca a alma dos seus senhores.
14  Como nuvens e ventos que näo trazem chuva, assim é o homem que se gaba falsamente de dádivas.
15  Pela longanimidade se persuade o príncipe, e a língua branda amolece até os ossos.
16  Achaste mel? come só o que te basta; para que porventura näo te fartes dele, e o venhas a vomitar.
17  Näo ponhas muito os pés na casa do teu próximo; para que se näo enfade de ti, e passe a te odiar.
18  Martelo, espada e flecha aguda é o homem que profere falso testemunho contra o seu próximo.
19  Como dente quebrado, e pé desconjuntado, é a confiança no desleal, no tempo da angústia.
20  O que canta cançöes para o coraçäo aflito é como aquele que despe a roupa num dia de frio, ou como o vinagre sobre salitre.
21  Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe päo para comer; e se tiver sede, dá-lhe água para beber;
22  Porque assim lhe amontoarás brasas sobre a cabeça; e o SENHOR to retribuirá.
23  O vento norte afugenta a chuva, e a face irada, a língua fingida.
24  Melhor é morar só num canto de telhado do que com a mulher briguenta numa casa ampla.
25  Como água fresca para a alma cansada, tais säo as boas novas vindas da terra distante.
26  Como fonte turvada, e manancial poluído, assim é o justo que cede diante do ímpio.
27  Comer mel demais näo é bom; assim, a busca da própria glória näo é glória.
28  Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que näo pode conter o seu espírito.


Capitulo 26
1  Como a neve no veräo, e como a chuva na sega, assim näo fica bem para o tolo a honra.
2  Como ao pássaro o vaguear, como à andorinha o voar, assim a maldiçäo sem causa näo virá.
3  O açoite é para o cavalo, o freio é para o jumento, e a vara é para as costas dos tolos.
4  Näo respondas ao tolo segundo a sua estultícia; para que também näo te faças semelhante a ele.
5  Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que näo seja sábio aos seus próprios olhos.
6  Os pés corta, e o dano sorve, aquele que manda mensagem pela mäo dum tolo.
7  Como as pernas do coxo, que pendem flácidas, assim é o provérbio na boca dos tolos.
8  Como o que arma a funda com pedra preciosa, assim é aquele que concede honra ao tolo.
9  Como o espinho que entra na mäo do bêbado, assim é o provérbio na boca dos tolos.
10  O Poderoso, que formou todas as coisas, paga ao tolo, e recompensa ao transgressor.
11  Como o cäo torna ao seu vómito, assim o tolo repete a sua estultícia.
12  Tens visto o homem que é sábio a seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo do que dele.
13  Diz o preguiçoso: Um leäo está no caminho; um leäo está nas ruas.
14  Como a porta gira nos seus gonzos, assim o preguiçoso na sua cama.
15  O preguiçoso esconde a sua mäo ao seio; e cansa-se até de torná-la à sua boca.
16  Mais sábio é o preguiçoso a seus próprios olhos do que sete homens que respondem bem.
17  O que, passando, se pöe em questäo alheia, é como aquele que pega um cäo pelas orelhas.
18  Como o louco que solta faíscas, flechas, e mortandades,
19  Assim é o homem que engana o seu próximo, e diz: Fiz isso por brincadeira.
20  Sem lenha, o fogo se apagará; e näo havendo intrigante, cessará a contenda.
21  Como o carväo para as brasas, e a lenha para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas.
22  As palavras do intrigante säo como doces bocados; elas descem ao mais íntimo do ventre.
23  Como o caco de vaso coberto de escórias de prata, assim säo os lábios ardentes com o coraçäo maligno.
24  Aquele que odeia dissimula com seus lábios, mas no seu íntimo encobre o engano;
25  Quando te suplicar com voz suave näo te fies nele, porque abriga sete abominaçöes no seu coraçäo,
26  Cujo ódio se encobre com engano, a sua maldade será exposta perante a congregaçäo.
27  O que cava uma cova cairá nela; e o que revolve a pedra, esta voltará sobre ele.
28  A língua falsa odeia aos que ela fere, e a boca lisonjeira provoca a ruína.


Capitulo 27
1  Näo presumas do dia de amanhä, porque näo sabes o que ele trará.
2  Que um outro te louve, e näo a tua própria boca; o estranho, e näo os teus lábios.
3  A pedra é pesada, e a areia é espessa; porém a ira do insensato é mais pesada que ambas.
4  O furor é cruel e a ira impetuosa, mas quem poderá enfrentar a inveja?
5  Melhor é a repreensäo franca do que o amor encoberto.
6  Leais säo as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo säo enganosos.
7  A alma farta pisa o favo de mel, mas para a alma faminta todo amargo é doce.
8  Qual a ave que vagueia longe do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando longe da sua morada.
9  O óleo e o perfume alegram o coraçäo; assim o faz a doçura do amigo pelo conselho cordial.
10  Näo deixes o teu amigo, nem o amigo de teu pai; nem entres na casa de teu irmäo no dia da tua adversidade; melhor é o vizinho perto do que o irmäo longe.
11  Sê sábio, filho meu, e alegra o meu coraçäo, para que tenha alguma coisa que responder àquele que me desprezar.
12  O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena.
13  Quando alguém fica por fiador do estranho, toma-lhe até a sua roupa, e por penhor àquele que se obriga pela mulher estranha.
14  O que, pela manhä de madrugada, abençoa o seu amigo em alta voz, lho será imputado por maldiçäo.
15  O gotejar contínuo em dia de grande chuva, e a mulher contenciosa, uma e outra säo semelhantes;
16  Tentar moderá-la será como deter o vento, ou como conter o óleo dentro da sua mäo direita.
17  Como o ferro com ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo.
18  O que cuida da figueira comerá do seu fruto; e o que atenta para o seu senhor será honrado.
19  Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coraçäo do homem ao homem.
20  Como o inferno e a perdiçäo nunca se fartam, assim os olhos do homem nunca se satisfazem.
21  Como o crisol é para a prata, e o forno para o ouro, assim o homem é provado pelos louvores.
22  Ainda que repreendas o tolo como quem bate o trigo com a mäo de gral entre gräos pilados, näo se apartará dele a sua estultícia.
23  Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; pöe o teu coraçäo sobre os teus rebanhos,
24  Porque o tesouro näo dura para sempre; e durará a coroa de geraçäo em geraçäo?
25  Quando brotar a erva, e aparecerem os renovos, e se juntarem as ervas dos montes,
26  Entäo os cordeiros seräo para te vestires, e os bodes para o preço do campo;
27  E a abastança do leite das cabras para o teu sustento, para sustento da tua casa e para sustento das tuas servas.


Capitulo 28
1  Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos säo ousados como um leäo.
2  Pela transgressäo da terra muitos säo os seus príncipes, mas por homem prudente e entendido a sua continuidade será prolongada.
3  O homem pobre que oprime os pobres é como a chuva impetuosa, que causa a falta de alimento.
4  Os que deixam a lei louvam o ímpio; porém os que guardam a lei contendem com eles.
5  Os homens maus näo entendem o juízo, mas os que buscam ao SENHOR entendem tudo.
6  Melhor é o pobre que anda na sua integridade do que o de caminhos perversos ainda que seja rico.
7  O que guarda a lei é filho sábio, mas o companheiro dos desregrados envergonha a seu pai.
8  O que aumenta os seus bens com usura e ganáncia ajunta-os para o que se compadece do pobre.
9  O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oraçäo será abominável.
10  O que faz com que os retos errem por mau caminho, ele mesmo cairá na sua cova; mas os bons herdaräo o bem.
11  O homem rico é sábio aos seus próprios olhos, mas o pobre que é entendido, o examina.
12  Quando os justos exultam, grande é a glória; mas quando os ímpios sobem, os homens se escondem.
13  O que encobre as suas transgressöes nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.
14  Bem-aventurado o homem que continuamente teme; mas o que endurece o seu coraçäo cairá no mal.
15  Como leäo rugidor, e urso faminto, assim é o ímpio que domina sobre um povo pobre.
16  O príncipe falto de entendimento é também um grande opressor, mas o que odeia a avareza prolongará seus dias.
17  O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.
18  O que anda sinceramente salvar-se-á, mas o perverso em seus caminhos cairá logo.
19  O que lavrar a sua terra virá a fartar-se de päo, mas o que segue a ociosos se fartará de pobreza.
20  O homem fiel será coberto de bênçäos, mas o que se apressa a enriquecer näo ficará impune.
21  Dar importáncia à aparência das pessoas näo é bom, porque até por um bocado de päo um homem prevaricará.
22  O que quer enriquecer depressa é homem de olho maligno, porém näo sabe que a pobreza há de vir sobre ele.
23  O que repreende o homem gozará depois mais amizade do que aquele que lisonjeia com a língua.
24  O que rouba a seu próprio pai, ou a sua mäe, e diz: Näo é transgressäo, companheiro é do homem destruidor.
25  O orgulhoso de coraçäo levanta contendas, mas o que confia no SENHOR prosperará.
26  O que confia no seu próprio coraçäo é insensato, mas o que anda em sabedoria, será salvo.
27  O que dá ao pobre näo terá necessidade, mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldiçöes.
28  Quando os ímpios se elevam, os homens andam se escondendo, mas quando perecem, os justos se multiplicam.


Capitulo 29
1  O Homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.
2  Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme.
3  O homem que ama a sabedoria alegra a seu pai, mas o companheiro de prostitutas desperdiça os bens.
4  O rei com juízo sustém a terra, mas o amigo de peitas a transtorna.
5  O homem que lisonjeia o seu próximo arma uma rede aos seus passos.
6  Na transgressäo do homem mau há laço, mas o justo jubila e se alegra.
7  O justo se informa da causa dos pobres, mas o ímpio nem sequer toma conhecimento.
8  Os homens escarnecedores alvoroçam a cidade, mas os sábios desviam a ira.
9  O homem sábio que pleiteia com o tolo, quer se zangue, quer se ria, näo terá descanso.
10  Os homens sanguinários odeiam ao sincero, mas os justos procuram o seu bem.
11  O tolo revela todo o seu pensamento, mas o sábio o guarda até o fim.
12  O governador que dá atençäo às palavras mentirosas, achará que todos os seus servos säo ímpios.
13  O pobre e o usurário se encontram; o SENHOR ilumina os olhos de ambos.
14  O rei que julga os pobres conforme a verdade firmará o seu trono para sempre.
15  A vara e a repreensäo däo sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mäe.
16  Quando os ímpios se multiplicam, multiplicam-se as transgressöes, mas os justos veräo a sua queda.
17  Castiga o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma.
18  Näo havendo profecia, o povo perece; porém o que guarda a lei, esse é bem-aventurado.
19  O servo näo se emendará com palavras, porque, ainda que entenda, todavia näo atenderá.
20  Tens visto um homem precipitado no falar? Maior esperança há para um tolo do que para ele.
21  Quando alguém cria o seu servo com mimos desde a meninice, por fim ele tornar-se-á seu filho.
22  O homem irascível levanta contendas; e o furioso multiplica as transgressöes.
23  A soberba do homem o abaterá, mas a honra sustentará o humilde de espírito.
24  O que tem parte com o ladräo odeia a sua própria alma; ouve maldiçöes, e näo o denuncia.
25  O temor do homem armará laços, mas o que confia no SENHOR será posto em alto retiro.
26  Muitos buscam o favor do poderoso, mas o juízo de cada um vem do SENHOR.
27  Abominaçäo é, para os justos, o homem iníquo; mas abominaçäo é para o iníquo o de retos caminhos.


Capitulo 30
1  Palavras de Agur, filho de Jaque, o masaíta, que proferiu este homem a Itiel, a Itiel e a Ucal:
2  Na verdade eu sou o mais bruto dos homens, nem mesmo tenho o conhecimento de homem.
3  Nem aprendi a sabedoria, nem tenho o conhecimento do santo.
4  Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas numa roupa? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o seu nome? E qual é o nome de seu filho, se é que o sabes?
5  Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele.
6  Nada acrescentes às suas palavras, para que näo te repreenda e sejas achado mentiroso.
7  Duas coisas te pedi; näo mas negues, antes que morra:
8  Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; näo me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do päo da minha porçäo de costume;
9  Para que, porventura, estando farto näo te negue, e venha a dizer: Quem é o SENHOR? ou que, empobrecendo, näo venha a furtar, e tome o nome de Deus em väo.
10  Näo acuses o servo diante de seu senhor, para que näo te amaldiçoe e tu fiques o culpado.
11  Há uma geraçäo que amaldiçoa a seu pai, e que näo bendiz a sua mäe.
12  Há uma geraçäo que é pura aos seus próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia.
13  Há uma geraçäo cujos olhos säo altivos, e as suas pálpebras säo sempre levantadas.
14  Há uma geraçäo cujos dentes säo espadas, e cujas queixadas säo facas, para consumirem da terra os aflitos, e os necessitados dentre os homens.
15  A sanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá. Estas três coisas nunca se fartam; e com a quarta, nunca dizem: Basta!
16  A sepultura; a madre estéril; a terra que näo se farta de água; e o fogo; nunca dizem: Basta!
17  Os olhos que zombam do pai, ou desprezam a obediência à mäe, corvos do ribeiro os arrancaräo e os filhotes da águia os comeräo.
18  Estas três coisas me maravilham; e quatro há que näo conheço:
19  O caminho da águia no ar; o caminho da cobra na penha; o caminho do navio no meio do mar; e o caminho do homem com uma virgem.
20  O caminho da mulher adúltera é assim: ela come, depois limpa a sua boca e diz: Näo fiz nada de mal!
21  Por três coisas se alvoroça a terra; e por quatro que näo pode suportar:
22  Pelo servo, quando reina; e pelo tolo, quando vive na fartura;
23  Pela mulher odiosa, quando é casada; e pela serva, quando fica herdeira da sua senhora.
24  Estas quatro coisas säo das menores da terra, porém bem providas de sabedoria:
25  As formigas näo säo um povo forte; todavia no veräo preparam a sua comida;
26  Os coelhos säo um povo débil; e contudo, pöem a sua casa na rocha;
27  Os gafanhotos näo têm rei; e contudo todos saem, e em bandos se repartem;
28  A aranha se pendura com as mäos, e está nos palácios dos reis.
29  Estes três têm um bom andar, e quatro passeiam airosamente;
30  O leäo, o mais forte entre os animais, que näo foge de nada;
31  O galgo; o bode também; e o rei a quem näo se pode resistir.
32  Se procedeste loucamente, exaltando-te, e se planejaste o mal, leva a mäo à boca;
33  Porque o mexer do leite produz manteiga, o espremer do nariz produz sangue; assim o forçar da ira produz contenda.


Capitulo 31
1  Palavras do rei Lemuel, a profecia que lhe ensinou a sua mäe.
2  Como, filho meu? e como, filho do meu ventre? e como, filho dos meus votos?
3  Näo dês às mulheres a tua força, nem os teus caminhos ao que destrói os reis.
4  Näo é próprio dos reis, ó Lemuel, näo é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes o desejar bebida forte;
5  Para que bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos.
6  Dai bebida forte ao que está prestes a perecer, e o vinho aos amargurados de espírito.
7  Que beba, e esqueça da sua pobreza, e da sua miséria näo se lembre mais.
8  Abre a tua boca a favor do mudo, pela causa de todos que säo designados à destruiçäo.
9  Abre a tua boca; julga retamente; e faze justiça aos pobres e aos necessitados.
10  Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis.
11  O coraçäo do seu marido está nela confiado; assim ele näo necessitará de despojo.
12  Ela só lhe faz bem, e näo mal, todos os dias da sua vida.
13  Busca lä e linho, e trabalha de boa vontade com suas mäos.
14  Como o navio mercante, ela traz de longe o seu päo.
15  Levanta-se, mesmo à noite, para dar de comer aos da casa, e distribuir a tarefa das servas.
16  Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de suas mäos.
17  Cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus braços.
18  Vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lámpada näo se apaga de noite.
19  Estende as suas mäos ao fuso, e suas mäos pegam na roca.
20  Abre a sua mäo ao pobre, e estende as suas mäos ao necessitado.
21  Näo teme a neve na sua casa, porque toda a sua família está vestida de escarlata.
22  Faz para si cobertas de tapeçaria; seu vestido é de seda e de púrpura.
23  Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciäos da terra.
24  Faz panos de linho fino e vende-os, e entrega cintos aos mercadores.
25  A força e a honra säo seu vestido, e se alegrará com o dia futuro.
26  Abre a sua boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua.
27  Está atenta ao andamento da casa, e näo come o päo da preguiça.
28  Levantam-se seus filhos e chamam-na bem-aventurada; seu marido também, e ele a louva.
29  Muitas filhas têm procedido virtuosamente, mas tu és, de todas, a mais excelente!
30  Enganosa é a beleza e vä a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa sim será louvada.
31  Dai-lhe do fruto das suas mäos, e deixe o seu próprio trabalho louvá-la nas portas.